Total de visualizações de página

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Mude de idéia

 Após a dose diária de cafeína, ela segue pela rua movimentada. Não conhece nenhum daqueles rostos vultuosos da multidão, encolhe-se. Senta-se no banco da avenida e observa o ritmo caótico, porém fascinante das ruas. Atônita, percebe que está atrasada e sai apressada, derrubando todos os seus livros na calçada, quando um rapaz abaixa para ajudá-la. Ela agradece, com os olhos úmidos, pois este foi o estopim de uma semana péssima.
 - Você está bem? - ele pergunta
 Possui um olhar amistoso e um sorriso suave em seu rosto, mostrando covinhas entre as bochechas cobertas por uma barba mal feita.
 - Estou sim, me desculpe, ando tão desligada ultimamente...
 - Camiseta legal, adoro essa banda também.
 Como ele conhece a banda desconhecida que ela adora?
 - Adoro eles, tenho ingressos comprados para o show do começo do ano, o álbum novo deles está lindo... - diz ela
 - Eu também vou, quem sabe nos encontramos lá.
Levantaram-se, e começaram a rir depois de perceber que ficaram no chão durante uns quinze minutos.
 - Bom, eu estava a caminho da livraria e estava pensando em tomar um café e comprar uns livros, você tem algum compromisso agora? - pergunta ele.
Ela já estava pelo menos uns vinte minutos atrasada e não conseguiria chegar a tempo. Bom, quantos homens aparecem chamando uma mulher para ir em uma livraria ultimamente? Isso é raríssmo, não custava nada dar uma chance, não tinha nada a perder mesmo...
 - Não, minha aula foi cancelada, também estava precisando de uns livros...
 Lá eles conversaram mais, se conheceram melhor, além daquela, havia muitas outras bandas em comum, além de gostos literários similares, diretores de cinema, ideologias políticas...
A tarde pareceu voar conversando sobre política, filosofia, música, cinema clássico, essas coisas que para muitos eram desconhecidas.
O sentimento que a dominava durante a semana, por um momento cessou, e somente sorrisos eram distribuídos. Passaram a tarde inteira compartilhando cultura e também conversas banais.
 Depois, saíram, ele acompanhou-a até sua casa, depois de pegar seu telefone, houve um momento de silêncio em que os dois ficaram se olhando e sorrindo. Sabe quando o destino parece ser certo e as coisas parecem ajeitar-se? Era até meio surreal. Ele então deu-lhe um beijo intenso.
 BIIIIIIIIIIIIIIIIIIP. Uma buzina alta soa de um carro. Ela percebeu que havia adormecido no banco da Paulista, esperando o ônibus. E uma lágrima caiu de sua face. Nada.

Um comentário: